1º caso - Mutirão de atendimento Psicopedagógico
Vale ressaltar que o mutirão é feito em poucos dias e por isso com menos recurso do que o atendimento normal. Serão marcados outros encontros para dar continuidade ao atendimento das mesmas crianças.
1ª criança - João (nome fictício)
Queixa da escola: Aluno tranquilo, faz as atividades, tem interesse, porém é pré-silábico, começando a ler, escreve e depois junta as letras.
Queixa da mãe: bravo, desobediente, irrita e não obedece.
Anamnese com a mãe: a gravidez foi planejada, quando seu irmão mais velho tinha 5 anos, tiveram o João. A mãe diz que o pai reclama dela por fazer tudo que o menino quer, não tem horário para comer, nem para dormir, faz tudo o que ele quer e quando quer. Estuda na sala com o irmão. Quando quer dormir sozinho, dorme, quando não, dorme com a mãe. Brinca sozinho, com crianças, com o irmão de futebol e inventa brincadeiras para brincar sozinho (corta papel, brinca com tampinhas de refrigerante). É canhoto, tem dificuldade na escrita (esquece as palavras, não escreve certo, faltam letras). A mãe diz que João gagueja, principalmente quando está nervoso. Diz que o menino troca letras às vezes durante a fala, mas todos entendem o que diz. É sociável, provocador (A mãe diz que ele é chato), não é extrovertido e sim muito tímido. Fica nervoso quando não o deixam fazer o que quer, xinga e fala: "Não gosto de você". A mãe comenta que João não gosta de ser contrariado, não aceita o "não", não conta muito as coisas, obedece mais o pai. A criança apresenta medo de pessoas bêbadas, do escuro, fica nervoso e treme quando assustado.
Na escola atual senta na frente, tem dificuldade em ler, perde o interesse facilmente e a mãe comenta que os professores o comparam com o irmão mais velho : "Seu irmão é melhor do que você".
Informações adicionais durante a anamnese: é repetente, era mais calmo quando menor. A mãe diz que João sempre fala: "Quando crescer vou parar de estudar", "Não sei ler e não consigo".
João assiste tv, gosta do "Bem 10", "Homem aranha". Imita os desenhos, não faz nada, quieto demais. Assiste filme de terror, porém tem medo.
Palavras da Mãe: "O pai diz que eu nunca bato nele, sempre faço o que ele quer". "Os professores dizem que o irmão é mais inteligente e eu digo que o irmão aceita mais ajuda que ele". "Ele quando tem medo fica encucado", "Gosta muito de animais, mas tem medo". "É muito medroso". "Ele não vai falar nada pra vocês".
Sessão 1: EOCA
Foi realizada a E.O.C.A com o sujeito, deixando o material dentro da caixa, dizendo que pudesse utilizar o que estivesse dentro da caixa e foi solicitado que fizesse "o que sabe fazer", "o que ensinaram" e "o que aprendeu". O sujeito ficou analisando a caixa por um tempo e depois pegou uma revista, começou a folhear.
A terapeuta perguntou se ele queria ler e o aprendente respondeu que sim e começou a ler acompanhando as letras com os dedos. Sua leitura era muito baixa, impossibilitando o entendimento, fez três tentativas e parou de ler. Não quis fazer nada mais, nem utilizar nenhum dos outros materiais. A terapeuta reforçou a ideia de que podia utilizar tudo o que estivesse na caixa e perguntou se ele queria tirar as coisas da caixa, ele continuou dizendo que não e folheando a revista. Depois pegou o lápis preto e disse que estava sem ponta, viu o apontador e disse que não queria apontar e deixou-o novamente na caixa.
O aprendente balançou as pernas o tempo todo, mexia sempre nos cabelos e mordia os lábios. Não teve iniciativa para mexer em nada que tinha dentro da caixa, ficou observando por um tempo até deicidir pegar a revista. Comentou que gostav de brincar e que gostava muito de bichos, mas não podia ter gato e cachorro porque matavam. Quando falava dos bichos que tinha ou dele mesmo, aumentava o tom da voz. Quando lia ficava muito próximo da folha, mas não consegue ler.
Sessão 2: Testes projetivos
Ao entregar a folha A4 para o sujeito, foi solicitado que fizesse "quem ensina e quem aprende". Ao pegar no lápis comentou sobre a professora, mas começou a desenhar o irmão mais velho, dizendo que ele é quem o ensina em casa. Fez o irmão em primeiro lugar e depois ele ao lado, os dois com os braços abertos. João aparenta maior no desenho, os dois com fisionomia um pouco alegre, um sorriso bem leve. Sem orelha os dois. Desenhou no centro da folha, na parte inferior, de tamanho pequeno em relação a folha.
Entregue a segunda folha, foi solicitado que fizesse a "figura humana". Questionou o que era figura humana e a terapeuta perguntou o que ele entendia e João perguntou se era um esqueleto. A terapeuta comentou que ele podia fazer o que vinha à sua cabeça, o que ele imaginava. Então o aprendente fez a figura do pai, comentando gostar muito dele. O desenho do pai está com fisionomia de uma pessoa feliz, com um sorriso bem aparente, sem orelha, mesmo estilo do desenho anterior, no meio da folha, na parte inferior e pequeno.
Entregue a última folha, solicitando que fizesse "a família". O aprendente perguntou se ele podia fazer até seus animais e a terapeuta disse que poderia fazer quem ele tivesse vontade. Desenhou toda a família dele, começando por ele, depois o irmão, a mãe e o pai, logo em seguida os três bichinhos: peixe beta e os dois passarinhos. O desenho está na parte inferior da folha, de tamanho pequeno, todos estão com sorriso e sem orelha, de braços abertos, a mãe parece estar distante, é de tamanho menor como se tivesse atrás deles.
Após feito isso, entregue uma folha A4 para que ele fizesse o que a terapeuta estava fazendo, dividindo-a em quatro partes. Em seguida era para fazer o seu dia. O aprendente perguntou se podia fazer o "brincar", foi instruído que fizesse o que vinha à cabeça. O aprendente começou a desenhar ele brincando de carrinho no primeiro quadrado, no segundo brincando de bicicleta bem grande. no terceiro brincando de video-game e no último com o gato.
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